sábado, 4 de julho de 2009

Parábola da Semente

E assim, no outro dia subiram mais cedo que de costume, pois segundo o mestre teriam muito o que fazer. Chegando ao alto do monte após descansarem por alguns minutos mestre José disse uma frase que fez os rapazes se lembrarem de um momento do ritual católico.
- O Senhor esteja convosco!
- Ele está no meio de nós – responderam os jovens imitando o culto católico.
- Demos graças ao Senhor nosso Deus!
- É nosso dever e nossa salvação!
Ditas estas palavras, fez-se um breve silêncio. Ninguém ousou comentar a atitude inusitada do mestre em imitar o costume católico. Sem dizer mais nada, o mestre foi até uma bolsa que sempre trazia junto consigo para carregar o cantil de água e a Bíblia; objetos sempre presentes, mesmo nos dias de jejum. Dessa vez havia algo mais na bolsa. Uma sacola cheia de sementes das mais variadas espécies nativas da floresta. Ainda em silêncio pegou as sementes e as espalhou pelo chão com cuidado e até com uma certa reverência. Só então iniciou seu discurso, dizendo:
- Vou exemplificar o segredo da minha iluminação espiritual através de uma metáfora. Quero que prestem a máxima atenção. Estas sementes foram colhidas de diversas espécies vegetais que habitam esta montanha. Como elas, existem milhões de outras por essa mata afora. Estas no entanto; simbolizarão agora, no nosso aprendizado, a humanidade em geral. Espiritualmente falando; sementes são como os homens que ainda não descobriram o propósito espiritual para o qual foram criados. Apesar de terem sido criadas pela árvore mãe com o objetivo de germinar, crescer, florescer, frutificar e cumprir a sua missão na grande obra da criação, as sementes ainda estão adormecidas, porque não encontraram condições propícias para isso. Nesse ínterim, podem vir a apodrecer e servir de adubo para outras plantas, alimentar os animais selvagens ou até servir de base para o preparo de um prato que alimentará o homem. Noutras palavras, podem contribuir de diversas maneiras para a evolução da vida. Entretanto, o objetivo maior de sua existência, será sempre o de germinar e crescer à imagem e semelhança da árvore mãe. Conhece sua missão e sabe em sua sabedoria de semente que existe uma grande luz lá em cima - o sol para a planta; Deus para o homem - que pode lhe proporcionar o pleno desenvolvimento de suas faculdades latentes e adormecidas. Necessita para isso de condições propícias para vir a desenvolver o seu dom. Deve isolar-se na escuridão da terra sofrer uma verdadeira morte por dentro para o seu estado atual, receber a força dos elementos da natureza, que a ajudarão a crescer e encontrar a luz que lhe dará uma nova vida. Permanecerá ainda coma as raízes fincadas na terra, mas agora poderá contar com a energia poderosa da grande luz que a fará crescer e produzir seus frutos. Cem, duzentos, mil por um... Quando descer à escuridão, a semente terá de lutar contra as forças da terra que inicialmente desejarão matá-la, para em seguida alimentar-se dela. Mas sendo persistente e determinada; encontrará as condições propícias, lutará e vencerá o poder da terra, pois deseja encontrar a grande luz e crescer. E a terra não pode destruir os que buscam a luz, porque todos os elementos, inclusive ela (a terra) foram criados e mantidos pelo poder daquela grande luz. A terra também respeitava e temia a grande luz porque lhe era muito superior. Dessa forma, a semente que germinou, encontrou na terra uma aliada que a partir de agora iria ajudá-la. Agora a terra tornou-se sua serva, dando sua energia para ajudá-la a subir para cima e encontrar a força edificadora da grande luz que estava lá em cima ajudando todos os seres a cumprirem o seu papel. E, ajudada pelos poderes da terra, iluminada pela energia e pelo poder da grande luz que era o sol a planta cresceu e cumpriu o seu propósito sublime na Grade Obra da Criação: multiplicar os dons que lhe foram confiados por outra Grande Luz que comanda todas as luzes. Esse será o destino de muitas destas sementes que aqui se encontram. E, nós somos como estas sementes para Deus...
(Passagem do livro: Vivências de um Aprendiz)

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