sexta-feira, 27 de novembro de 2009

A partilha dos Camelos

Três homens gritavam possessos: - Não pode ser! - Isto é um roubo! - Não aceito! Acompanhado de um amigo, Beremis aproximou-se dos homens que gritavam para saber o que estava acontecendo. Ouviu do mais velho: - Somos três irmãos e recebemos como herança esses 35 camelos. Segundo a vontade de meu pai, devo eu, o mais velho, receber a metade, o meu irmão Hamed uma terça parte e ao Harim, o mais moço, deve caber apenas a nona parte. Como fazer a partilha se a metade, a terça parte e a nona parte de 35 não são exatas? - É muito simples - disse Beremis, o homem que calculava. -Encarrego-me de fazer essa divisão, se permitirem que eu junte aos 35 camelos da herança este belo animal que em boa hora aqui trazemos conosco! Neste ponto o amigo de Beremis interveio: - Não posso consentir nisso! Como poderíamos concluir a viagem, se ficássemos sem o nosso camelo? - Não te preocupes com o resultado, ó bagdali - replicou em voz baixa Beremis ao amigo. - Sei muito bem o que estou fazendo. Cede-me o teu camelo e verás, no fim, a que conclusão quero chegar. Sentindo-se seguro, o amigo entregou-lhe o camelo, que foi reunido aos 35, para serem repartidos pelos três herdeiros. - Agora vou fazer a divisão justa dos camelos, que agora são 36. E voltando-se para o mais velho dos irmãos disse: - Devias receber a metade, isto é 17 e meio. Receberás a metade de 36, portanto 18. Saíste lucrando com a divisão. Dirigindo-se ao segundo irmão, continuou: - Tu deverias receber um terço, isto é, 11 e pouco. Vais receber um terço de 36, isto é, 12. Não poderás protestar, saíste lucrando. Ao mais moço disse: - Deverias receber 3 e tanto, pela nona parte. Vais receber 4, a nona parte de 36. Teu lucro também foi notável. E concluiu: - Pela vantajosa divisão, couberam 18 camelos ao primeiro, 12 ao segundo e 4 ao terceiro, num total de 34. Dos 36 camelos, sobram 2. Um pertence ao bagdali meu amigo e o outro toca por direito a mim, por ter resolvido complicado problema. O homem que calculava tomou posse de um dos mais belos camelos do grupo e disse, devolvendo ao amigo o animal que lhe pertencia: - Poderás continuar a viagem no teu camelo manso e seguro! Tenho outro especialmente para mim! E assim continuaram a jornada para Bagdá... (Malba Taham - O Homem que Calculava)

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